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terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Aprendizagem ao longo da Vida!

A aprendizagem ao longo da vida nessa abordagem põe em relevo a diversidade de saberes e competências requeridas pelas sociedades contemporâneas, sejam elas as competências pessoais, necessárias à construção da autonomia e de projectos de vida dos indivíduos, ou ainda as indispensáveis competências sociais de cidadania activa, de capacidade de cooperação, de respeito pela diferença e de participação social.
A mudança de paradigma educativo em curso, de contornos ainda pouco definidos e por vezes contraditórios, está ligada à própria natureza informacional das mutações produzidas e ao contexto sócio-económico em que ocorrem. Ao tornarem-se a força motriz da actividade económica, os novos conhecimentos comunicacionais definem agora a capacidade de inovação de uma economia. Este processo altera o estatuto do próprio saber, tornado mercadoria em si mesmo, condicionador da produtividade, da capacidade de atrair capitais, da competitividade e do emprego (Breton et Lambert, 2003). 
A evolução tecnológica dos meios e suportes de aprendizagem e a necessidade de maior convergência entre os modos de aprender e os novos modos de produzir, prefiguram também uma reconfiguração das formas tradicionais de educação/formação e colocam aos sistemas de ensino e às instituições de formação novos desafios.
Em termos políticos, a aprendizagem ao longo da vida passa a ser um direito social e, como tal, acessível a todos; assim, a igualdade de oportunidades deixa de se perspectivar unicamente em termos de acesso e de sucesso educativo na educação/formação inicial, dado que os adultos necessitam também de actualizar permanentemente os seus conhecimentos e competências. Este direito tem como contrapartida um novo dever de cada indivíduo perante a sociedade, o de aprender continuadamente, com o que isso implica de esforço e de trabalho acrescido.
Este conceito de ALV centra a acção voluntária de aprender nos sujeitos aprendentes e abrange toda e qualquer actividade de aprendizagem formal, não formal e informal, que se traduza no desenvolvimento de conhecimentos e competências, realizada num continuum educativo, qualquer que seja o contexto social.
Por aprendizagem formal, entende-se a que decorre em instituições de ensino e de formação e que conduz a diplomas e qualificações reconhecidas; por aprendizagem não-formal, a que decorre em paralelo aos sistemas de ensino e formação não conduzindo, necessariamente, a certificados formais: finalmente, por aprendizagem informal, entende-se aquela que se realiza na vida quotidiana, não sendo necessariamente intencional. Memorando sobre a Aprendizagem ao Longo da Vida.”
A aprendizagem ao longo da vida e os seus equivalentes reaparecem com regularidade, com um destaque notável nestes últimos tempos, em afirmações de política internacional, sobretudo para colocar numa perspectiva mais vasta e para dar um fundo conceptual mais alargado aos muitos programas “lentos” que têm sido propostos.
A enumeração destas concretizações parciais do conceito de aprendizagem ao longo da vida não se insere no âmbito deste artigo. Talvez seja proveitoso, no entanto, verificar de que forma os programas actuais de educação de adultos de todo o tipo não correspondem na globalidade aos conceitos originais:
- Poucos progressos têm sido feitos relativamente à osmose entre a educação e a formação, por um lado, e o desenvolvimento cultural e social, por outro. O único sector em que esta osmose há muito foi conseguida em larga escala é o dos programas tradicionais de educação de adultos“liberal”, sobretudo aqueles que se centram no desenvolvimento da comunidade (Kallen, 1996);
- Os objectivos libertadores, emancipadores e politicamente progressistas da educação ao longo da vida – que realmente não foram explicitamente adoptados pelas organizações internacionais, nem pela maior parte dos países membros – abriram caminho para outros objectivos mais “realistas” que servem para manter e melhorar os actuais sistemas sociais, mas não prevêem a introdução de qualquer mudança radical (Papadopoulos, 1994). 
Por outro lado, o clima político e económico actual é diferente do dos anos sessenta. Não sendo favorável à filosofia um tanto utópica e idealista dos primeiros paradigmas de aprendizagem ao longo da vida é, no entanto, propício a programas de “formação ao longo da vida simplesmente ligados ao trabalho e ao emprego”.
É necessária uma boa dose de optimismo e de tolerância para endossar o ponto de vista de que os conceitos de formação ao longo da vida têm, apesar de tudo, sobrevivido intactos. A ideia geral tem permanecido nas afirmações dos decisores políticos e também em muitos programas de educação e formação. No entanto, em nossa opinião, a sua conotação alterou-se profundamente sem nunca ter conseguido atingir em pleno os seus objectivos, o que de certa forma seria de esperar, considerando as mudanças no contexto político nas últimas décadas e a evolução das economias dos países desenvolvidos, no sentido de um modelo liberal. Mas mesmo assim, a questão não deixa de roçar o ouvido: Aprendizagem ao Longo da Vida – um conceito utópico? Só o tempo o dirá.

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