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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Definição da missão (ou marco referencial)

O que é? 
Conjunto dos valores nos quais a comunidade escolar acredita e das aspirações que tem em relação à aprendizagem dos alunos. Precisa responder a perguntas como: "Para nós, o que é Educação?" e "Que aluno queremos formar?" Também pode ser chamado de marco referencial. 

Por que é importante? 
Define a identidade da instituição e a direção na qual ela vai caminhar. Se um dos objetivos é formar pessoas críticas e autônomas, deve-se investir na gestão participativa e em projetos em que todos os segmentos tenham voz e assumam responsabilidades. 

Onde buscar informações?
Duas boas referências são os planos municipal e estadual de Educação, quando existirem na rede. Contudo, usá-los como base não exime a escola de detalhar os próprios valores. É preciso que a equipe gestora ouça a comunidade para estabelecer com ela os princípios desejados.

Como fazer?
Os princípios e valores da escola devem ser discutidos em reuniões pedagógicas ou institucionais (com os funcionários) e assembléias do conselho escolar, do conselho de classe e do grêmio estudantil. É papel do diretor participar de todos esses encontros, levar material bibliográfico que possa embasar as discussões e registrar o que foi debatido. Depois disso, a direção também deve fazer a redação deste trecho do PPP - levando em consideração o que dizem os planos municipal ou estadual de Educação, quando existirem -, compartilhá-lo com toda a comunidade escolar e acolher sugestões e críticas.

Como apresentar no PPP?
Em um texto sucinto e objetivo, que comunique a identidade da escola com clareza a qualquer leitor do documento, seja ele professor, funcionário, pai ou aluno. 

Quem faz bem feito? 
A EMEF Mario Quintana, em Porto Alegre, fica em um bairro sem saneamento básico e com altos índices de desemprego. "Fizemos um levantamento com as famílias para saber as expectativas em relação ao ensino dos filhos", conta a vicediretora, Silvana Conti. Com base nele, foi definido que o PPP seria construído sobre três bases: a Educação popular, para estimular o protagonismo e a participação política; a Educação ambiental, para formar alunos preocupados com o ambiente em que vivem; e o respeito à diversidade, a fim de ter uma comunidade centrada no respeito às diferenças. Os docentes formaram grupos de trabalho que, semanalmente, planejam ações que contemplam esses eixos.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Dicas práticas para elaborar o PPP

Certas estratégias facilitam a preparação, a revisão e o acesso da equipe ao projeto político-pedagógico: 
- Não é preciso refazer a missão todo ano. Geralmente, ela dura de dois a cinco anos. Deve ser alterada quando a equipe percebe que os princípios já não correspondem às suas aspirações (os objetivos iniciais foram alcançados ou precisam ser modificados), a clientela é outra (aconteceram mudanças na comunidade) ou o contexto escolar teve alterações (introdução do Ensino Fundamental de nove anos ou a chegada da Educação Infantil ou de Jovens e Adultos). Esse trecho deve ser respaldado nos planos municipal ou estadual de Educação. 
- Clientela, dados sobre a aprendizagem, recursos, relação com as famílias, diretrizes e plano de ação devem ser revistos e atualizados ao longo do ano - e isso pode ser feito durante as reuniões pedagógicas e institucionais, nos encontros do Conselho Escolar e na semana de planejamento. Para tanto, a cada encontro, defina quem será o responsável por sistematizar os dados e inseri-los
no PPP. 
- A linguagem usada deve ser simples. 
- O ideal é que o PPP seja montado em um arquivo eletrônico, no computador, e, depois de impresso, colocado em uma pasta arquivo para facilitar o acesso e as alterações durante o ano. 
- Professores e funcionários podem receber cópias do documento, quando possível, para que consultem sempre que surgirem dúvidas. 
- É interessante elaborar uma versão resumida para entregar aos pais no ato da matrícula.
- Organizar o PPP em um fichário facilita o manuseio, a conservação e a revisão ao longo do ano.
Nas próximas postagens, você vai conhecer detalhes de cada um dos tópicos indispensáveis do PPP e saber onde obter as informações e a melhor forma de organizá-las.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Projeto Político Pedagógico (PPP)!

Toda escola tem objetivos que deseja alcançar, metas a cumprir e sonhos a realizar. O conjunto dessas aspirações, bem como os meios para concretizá-las, é o que dá forma e vida ao chamado projeto político-pedagógico - o famoso PPP. Se você prestar atenção, as próprias palavras que compõem o nome do documento dizem muito sobre ele: 

- É projeto porque reúne propostas de ação concreta a executar durante determinado período de tempo. 

- É político por considerar a escola como um espaço de formação de cidadãos conscientes, responsáveis e críticos, que atuarão individual e coletivamente na sociedade, modificando os rumos que ela vai seguir. 

- É pedagógico porque define e organiza as atividades e os projetos educativos necessários ao processo de ensino e aprendizagem. 
Projeto Político Pedagógico. Ilustração: Fábio Lucca
Ao juntar as três dimensões, o PPP ganha a força de um guia - aquele que indica a direção a seguir não apenas para gestores e professores mas também funcionários, alunos e famílias. Ele precisa ser completo o suficiente para não deixar dúvidas sobre essa rota e flexível o bastante para se adaptar às necessidades de aprendizagem dos alunos. Por isso, dizem os especialistas, a sua elaboração precisa contemplar os seguintes tópicos: 
- Missão 
- Clientela 
- Dados sobre a aprendizagem 
- Relação com as famílias 
- Recursos 
- Diretrizes pedagógicas 
- Plano de ação 
Por ter tantas informações relevantes, o PPP se configura numa ferramenta de planejamento e avaliação que você e todos os membros das equipes gestora e pedagógica devem consultar a cada tomada de decisão. Portanto, se o projeto de sua escola está engavetado, desatualizado ou inacabado, é hora de mobilizar esforços para resgatá-lo e repensá-lo. "O PPP se torna um documento vivo e eficiente na medida em que serve de parâmetro para discutir referências, experiências e ações de curto, médio e longo prazos", diz Paulo Roberto Padilha, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Itens importantes para a boa organização escolar!

* Organização do fluxo
Escalonar a entrada e a saída por turmas ou faixas etárias e usar mais de uma portaria (quando houver pessoal disponível) são boas estratégias. Em qualquer caso, é preciso ensinar os alunos a respeitar os colegas ao transitar na escola. Para otimizar o fluxo com um sinal sonoro, sinos ou músicas são alternativas às campainhas estridentes. Os estudantes que chegam cedo e os que esperam pelos pais depois de o alerta soar podem fazer atividades previamente organizadas: para os mais novos, cantos de brincar com autonomia e, para os maiores, espaços de convivência, leitura e quadra para práticas esportivas. Se não houver quem supervisione os alunos, é possível propor um rodízio entre professores, equipe de apoio e pais.

* Famílias e transporte
Pais e perueiros necessitam de orientação para não transformar o portão em campo de batalha. Sugestão: fazer com que a chegada e a partida dos alunos que usam transporte escolar tenha lugar um pouco antes do horário dos que são acompanhados por familiares ou responsáveis - desde que os estudantes não sejam prejudicados (alguns perueiros chegam a sugerir retirar a garotada da manhã alguns minutos antes de as aulas acabarem a fim de evitar o atraso do turno da tarde, mas você não deve autorizar esse procedimento). Quanto aos pais, eles podem ir até a porta da classe, no caso dos pequenos. No caso dos maiores, o melhor é deixar na portaria e aguardá-los nesse local na hora da saída. Lembrando que, caso os pais queiram conversar com docentes e gestores, devem ser orientados a marcar um horário, principalmente se for para assuntos particulares e demorados. Muitas pendências podem ser resolvidas na secretaria da escola nos horários de entrada e saída. Para tanto, basta garantir a presença de um funcionário para fazer o atendimento. O porteiro pode encaminhar os interessados.

* Controle de atrasos
Estipular quantos minutos e quantas vezes os alunos podem atrasar para chegar às salas de aula requer flexibilidade em relação à faixa etária e ao público atendido - e todas as decisões devem ser aprovadas pelo Conselho Escolar e constar no regimento interno. Um cenário possível: crianças de creche, Educação Infantil e Ensino Fundamental 1 entram a qualquer momento, mesmo atrasadas (contudo, vale conversar com os pais para evitar que isso aconteça), enquanto os alunos de Ensino Fundamental 2 e Ensino Médio aguardam a aula seguinte na biblioteca, na sala de leitura ou junto à orientação educacional. Pode-se combinar também como os atrasos serão controlados. A partir de certa idade, os alunos preenchem um relatório, justificando o atraso, e, depois de um determinado número, os pais são comunicados e consultados sobre os motivos. Outro segmento que requer tolerância e negociação é a Educação de Jovens e Adultos (EJA), pois muitas vezes os estudantes perdem a hora por causa do trabalho ou do transporte coletivo. A comunidade deve, então, refletir sobre o horário de entrada mais adequado e sua flexibilização.

* Medidas de segurança
As medidas para garantir a segurança devem ser implantadas no início do ano, quando os pais precisam ser consultados sobre quem está autorizado a deixar e retirar os filhos (essa informação tem de ser dada por escrito). A partir de então, a escola fica responsável por cumprir o combinado e avisar as famílias, de imediato, caso alguém desconhecido tente contato com a criança e o adolescente. O próprio porteiro (quando houver) tem a obrigação de observar a movimentação de estranhos, indagar quem é a pessoa e o que ela deseja. Professores e demais funcionários também têm o dever de ficar atentos. Afinal, o trabalho docente não termina na classe e nem o da merendeira na cozinha. Todos são responsáveis por zelar pelo bem- estar dos alunos. O cuidado vale ainda em relação aos estudantes com permissão para chegar e partir sozinhos. Todos eles necessitam de autorização expressa das famílias. A idade para receberem esse aval é outro assunto a ser decidido pelo Conselho Escolar.

* Presença do diretor
Como principal representante da escola, é interessante que você, diretor, acompanhe a entrada e a saída dos alunos sempre que possível. É nesses momentos que se pode observar se todos os itens desta reportagem estão sendo cumpridos. E verificar, por exemplo, se há algum tipo de comércio ilegal nos arredores do portão (leia reportagem na página 12), se os pais permanecem circulando nas dependências da escola durante o período de aulas e se as atividades que acontecem no início e no fim dos turnos, como rodas de leituras e brincadeiras, cumprem os propósitos educativos do projeto político-pedagógico. Os prejuízos para a aprendizagem devem ser evitados a todo momento. "Quando percebo que os alunos estão perdendo dez minutos na entrada e outros dez na saída, proponho uma conta aos professores: com 20 minutos a menos todos os dias, quanto as turmas desperdiçam ao longo do ano?", relata Nazareth Mazzega, diretora da EMEF Barão de Monjardim e formadora de diretores em João Neiva, a 76 quilômetros de Vitória.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Como preparar a escola para a Prova Brasil

Entre os próximos dias 7 e 18 de novembro, os alunos de 5º e 9º anos (ou da 4ª e 8ª séries) de todas as escolas públicas urbanas e rurais do país com mais de 20 estudantes por turma realizarão a Prova Brasil. Pensando em fazer com que a escola tenha um bom desempenho, há gestores que incentivam os professores a aplicar simulados e até mesmo a treinar as turmas para o teste por meio da repetição. Por melhor que seja a intenção, trata-se de um grande equívoco. "Esse exame tem por objetivo avaliar competências de Língua Portuguesa e Matemática que são construídas ao longo do tempo e se solidificam somente com um bom trabalho pedagógico - e não com exercícios mecânicos", alerta Jussara Hoffmann, autora de livros sobre avaliação e diretora da Editora Mediação, em Porto Alegre.
A preparação para o exame deve, portanto, ser de outra natureza: esclarecer todos os integrantes da comunidade escolar a respeito do que é a avaliação, garantir a organização interna para a realização da prova e saber como utilizar os resultados em benefício dos processos de ensino e aprendizagem (leia a reportagem 7 ações para aproveitar bem a Prova Brasil). Como lembra Maria do Pilar Lacerda, secretária de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), "uma avaliação só faz sentido quando leva à reflexão e à transformação da prática pedagógica. Não basta ser uma mera constatação. Precisa ser uma provocação para a equipe pensar a respeito do que está dando certo e do que ainda pode melhorar a fim de assegurar de fato a aprendizagem de todos os alunos".
Também em novembro, parte das escolas brasileiras é selecionada para participar do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que oferece um resultado amostral das mesmas séries avaliadas pela Prova Brasil mais o 3º ano do Ensino Médio (leia sobre as diferenças dos exames no quadro abaixo). As notas dessas avaliações são usadas para compor o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), instrumento que o governo federal tem utilizado para definir políticas públicas destinadas à melhoria da Educação em nosso país.
Nesse sentido, também é preciso cautela para não cair na tentação de pautar o currículo escolar somente pela busca de um Ideb cada vez melhor. "Toda escola precisa ter um sistema próprio de avaliação, de acordo com as metas estabelecidas em seu projeto político-pedagógico (PPP). Exames internos e externos devem, portanto, ser usados de maneira complementar", diz Maria Amabile Mansutti, coordenadora técnica do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec). Dessa forma, a equipe gestora contribui para criar uma cultura institucional que realmente vê a avaliação, qualquer que seja ela, não como uma forma de punir e responsabilizar um ou outro educador, mas como uma ferramenta formativa a serviço do aprimoramento das estratégias de trabalho.